Vocês acham que se pudessem CTB a qualquer momento, de forma garantidamente pacífica e eficaz, poderiam viver melhor por saber que, em última instância, essa saída estaria sempre disponível, mesmo que não realizada? Compartilharei o que escreveu sobre isso Julio Cabrera, no texto "Para uma Crítica da razão suicida", na 23ª edição da revista Nota do Tradutor: "O que mais aterroriza do suicídio não é a sua ideia – sóbria, silenciosa e comovente – mas os procedimentos horríveis a que os suicidas têm que lançar mão por falta de meios calmos de partida. Assusta não tanto a morte, mas não a termos ao nosso sóbrio alcance. Assusta-nos que a morte não seja a nossa morte.
Se os dispositivos fossem de mais fácil acesso, isso diminuiria sensivelmente o sofrimento dos que desejam partir. Pois aumenta inutilmente a angústia saber que todas as saídas estão obstruídas, que teremos que agredir barbaramente nossos corpos por não ter à mão um dispositivo que talvez nunca usemos (como o alcoólatra que parou de beber, mas que precisa de uma garrafa sempre à mão, ou como aquele detetive do filme O clã dos sicilianos, que tinha parado de fumar, mas que sempre andava com um cigarro apagado na boca).". Recomendo a leitura do restante do texto para quem estiver interessado em uma visão filosófica sobre o suicídio.